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Eliminando a complexidade no bezerreiro da Fazenda Palmital - Clínica do Leite
Eliminando a complexidade no bezerreiro da Fazenda Palmital

Paulo F. Machado
Ana Flávia de Morais

 

O cotidiano de uma fazenda, assim como grande parte de outros negócios, é repleto de atividades diversas. Pense nas atividades executadas diariamente em seu local de trabalho. Alguma delas te incomoda ou sente dificuldade em realizá-la? Seria possível executá-la de forma mais rápida, com menos esforço, erros, e obtendo resultados iguais ou melhores?

 

Após enfrentar um problema com o protocolo de aleitamento das bezerras na Fazenda Palmital, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), paramos para refletir sobre essa questão: essa atividade nos incomodava.

 

No protocolo adotado, as bezerras recebem um determinado volume de leite e, gradativamente, essa quantidade diminui, em datas pré-estabelecidas, até o desmame. O controle era realizado em cima de uma folha de dados, onde as quantidades e datas para mudança do volume de leite de cada animal eram anotadas manualmente.

 

O problema maior era que as pessoas não entendiam a folha de anotação com clareza. Além disso, possuímos outro agravante: tratando-se de uma fazenda dentro da universidade, a cada semestre mais de cinquenta alunos realizam as mesmas atividades. Essa particularidade dificulta muito a padronização e o entendimento dos processos.

 

Com toda essa complexidade enfrentada tanto pelos alunos, quanto pelos próprios colaboradores da fazenda, não existia rotina na alimentação das bezerras:  animais que deveriam receber pequenas quantidades de leite, recebiam muito mais de uma vez só e vice versa. Isso gerava casos de diarreia e muito variação no ganho de peso dos animais, o que atrasava a data de desmame.

 

Concordamos que seria preciso mudar a abordagem. Reunimos os responsáveis pelo bezerreiro, com um objetivo claro: precisávamos criar algo tão simples que qualquer pessoa (sendo ela familiarizada com a atividade ou não) conseguisse fazer o aleitamento sem auxílio e no menor tempo possível.

 

Montamos um sistema de controle visual da quantidade de leite a ser consumida pelos animais, envolvendo materiais bem simples: esmalte e corda de varal. Marcamos os baldes de leite, com os volumes do aleitamento (1, 2, 3 e 4L), utilizando as diferentes cores de esmalte, como na foto abaixo:

Figura 1 – Baldes graduados com a gestão visual de cores

 

Da mesma forma, identificamos as bezerras que estavam recebendo aquele volume de leite, com uma cordinha no pescoço da cor correspondente.

Figura 2 – Bezerra identificada no novo protocolo de aleitamento

 

Agora, o único trabalho do responsável pelo aleitamento é checar a cor da cordinha no pescoço da bezerra e encher o balde com leite até a cor semelhante. Retiramos a necessidade de leitura e interpretação da folha. A atividade passou a ser visual e intuitiva, o que diminuiu o número de anomalias de bezerras alimentadas com volumes errados.

 

Ainda há muito o que melhorar, a planilha de controle, com as datas de troca do volume de leite de cada bezerra ainda precisa ser utilizada pela supervisora do bezerreiro para mudar a cor da cordinha de algum animal.  A data de mudança das cordinhas ainda é anotada em um quadro no bezerreiro para que os alunos realizam a troca.  Mas tudo bem, o importante é que tenhamos uma equipe capacitada a enxergar e resolver problemas, assim os processos estarão sempre melhorando.

 

A solução não envolveu tecnologia de ponta e muito menos dados automatizados ou alto custo.  O fator chave foi a simplificação. A atividade ficou mais clara, mais fácil. Dessa maneira, conseguimos garantir um aleitamento constante e liberamos mais tempo para nos preocuparmos com outras tarefas e problemas da fazenda.

 

Uma ideia que deu certo pode ser copiada e implantada em outros lugares, mas mais importante do que isso é criarmos nossas próprias soluções. Cada negócio possui suas limitações e peculiaridades, desta forma, o que é adequado para um pode não ser para o outro. Lembre-se, o mais importante não é a solução em si e sim ter pessoas capazes de chegarem a essa solução.

 

Nossa ideia surgiu dos próprios alunos responsáveis por aquele setor. Se está com dificuldade em algum processo, envolva as pessoas que fazem parte da atividade na solução. Elas, melhor do que ninguém, sabem o que acontece ali no dia a dia.

Figura 3 – Equipe Uflaleite (responsáveis pela criação do protocolo visual)

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